quinta-feira, 5 de março de 2009

Na natureza selvagem


O que três amigas têm em comum? Vontade reprimida de ser descobridora. Já que a ideia de descobrir todo um continente está fora de cogitação -mamãe não quer que eu viage até completar dezoito anos-, a solução é descobrir novas sensações.
O que três amigas resolveram fazer num domingo de manhã? Descobrir como uma plantinha chamada Cannabis sativa age no organismo de um ser humano.
Eu: -Então, bora lá?
Letícia: -Bora... Onde mesmo?
Cecília: -Parque ecológico da cidade, entrar em contato com a natureza selvagem.
Letícia: -Ahhhh, mas nem! Domingo de manhã, estou nem um pouco a fim de ver mato, muito menos bicho perto de mim. Não vou e pronto.
Eu: -Ceci, quatro opções: primeira, eu digo para ela onde vamos; segunda, você diz; terceira, ninguém diz e empurra ela para dentro do ônibus; ou quarta, deixamos ela aqui e vamos embora.
Cecília: -Vamos fumar maconha, Lett.
Letícia: -AHHHHHHHHHHHHHH, ERA ISSO? MACOONHA?
Eu: -Preferia a quarta opção, pelo menos a cidade inteira não saberia os nossos planos.
Letícia: -Deixa de ser chatinha, mimimi. Estou com sono, dá um desconto, vai.
Eu: -Ok, ok, mas vamos, então? Já compramos tudo mesmo, tem lanchinho à vontade, água, tudo nos esquemas. Let's go, people.
Havia pesquisado acerca do assunto -Tio Google é meu Deus-, descobri e que quando não ocorre fecundação da fêmea da plantinha, ela excreta uma grande quantidade de resina pegajosa composta por dezenas de substâncias diferentes. Dentre as várias substâncias, existe a THC (delta-9-tetrahidrocanabinol) que serve de filtro solar para a planta, pois essa é de clima desértico. Apesar do THC estar presente em toda a planta é na flor da fêmea que se encontra a maior concentração da substância. A real droga da maconha é essa flor. (Anita também é cultura, graças a Google.)
Eu: -Nós vamos fumar uma flor.
Cecília: - Anita, cala a boca.
Letíca: -Anita, cala a boca.
Nunca ninguém me escuta...

**
Eu: -Ceci, você já pensou o que quer fazer da vida?
Cecília: -Ahh, não sei...
Eu: -E você, Letícia?
Lett: -Ah, eu vou ser traficante.
Acho desnecessário dizer que as outras pessoas que estavam no ônibus olharam com uma cara de assustados, do tipo "deixaeutamparosouvidosdomeufilho", levando em consideração que eu estava a uma distância considerável delas, que estavam sentadas em bancos separados e eu de pé, em frente.
Lett: -E você?
Eu: -Eu vou ser cafetina. Antes eu queria ser puta, sabe, mas depois pensei bem, tem muita burocracia por trás. Vou ter que pagar porcentagem para o cara, comprar roupas de marca. Porque vocês sabem, eu queria ser puta de luxo... Mas ai vou ser cafetina de luxo.
Não acho desnecessário, entretanto, dizer que o rapazinho que estava sentado a lado da Cecília se levantou.
Cecília: -Anita, sua idiota, (rindo até não poder mais) o menino até saiu do lugar dele!
Eu: - O que posso dizer? A vida não é fácil para ninguém!
Cecília: -É, né, adorou a frase que o menino te disse.
Eu: -Não deixa de ser verdade. Mas á que ele saiu, deixa eu sentar.
Sabe aqueles adolescentes que começam a pregar a Palavra do Senhor em ônibus? Parece que por aqui isso virou moda, e o tal do rapazinho começou o seu discurso:
Rapazinho: -Hoje, eu estou aqui porque Jesus me enviou. Não era para eu pegar este ônibus, mas algo me disse para eu pegá-lo. Jesus quer que vocês (olha para nós três) saibam que ele os amam, e que a vida de vocês vale muito a pena. Não estou querendo que vocês vão para a minha igreja, mas que procurem o caminho do Senhor. Apenas lee pode salvá-los e tirá-los do caminho do mal. Muito obrigado pela atenção, e não se esqueçam que há alguém que os ama demais.
As três: -Auuutiii, doeu.
Cecília: -Oh! Alguém me ama, agora sim minha vida está realizada.
**

Enfim, parque. Enfim, maconha. Enfim, descoberta.
Descobri que o céu fica azul fluorescente. Descobri que fico rindo como se alguém estivesse me fazendo cócegas. Descobri que tenho vontade de fazer sexo no parque com o guardinha de lá. Descobri que minhas amigas são minhas irmãs. Descobri que nada tem tanta relevância quanto dou. Descobri que meus pés nem doem tanto. Descobri que o suco de laranja fica com gosto de cerveja adocicada. Descobri que é bom olhar para o nada. Descobri que fico com fome. Descobri que cantar alto é bom. Descobri que levar perfume de morango não vai disfarçar o cheiro. Descobri que gosto um pouco de mim. Descobri que gosto um muito dele. Descobri que sei voar. Descobri que não posso deixar que as pessoas descubram isso. Descobri que fotos ficam boas quando não se pensa em fazer pose. Descobri que pode se resolver o calor tirando a roupa. Descobri que a ideia surge a partir do momento que não existe. Descobri que há muito ainda para descobrir. Descobri que há muito ainda para descobrir sobre mim mesma.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Brecha


Se abrimos espaço para falar de sexo, então que continuemos.

Yes, Cecilia gonna talk about sex no love!

Minha historia é assim:

Um desejo reprimido por um amigo íntimo. - Ah, é aí que mora o perigo, ter fantasias sexuais com amigos íntimos. Aqueles que detalham as "noitadas de sexo" para você, que costumam confessar seus fetiches, e quem você também conta e tem uma senhora intimidade. Pronto, com isso se tem meio caminho andado para transar sem amar, mas transar com aquele desejo e gostinho de que você conseguiu o que queria na calada.

Um belo dia ele resolve falar sobre esse reciproco desejo. E num outro belo dia ele decide demonstrar(discretamente) esse desejo. "Opa, Cecilia segura a periquita." - Pensei. - As tentações, ops, as demonstrações continuaram." Segura Cecilia, segura, se não a bola rola." - Pensei de novo(outro perigo). - Um pouco mais de demonstrações(assédios). "Ahh, tá difícil, essa bola vai rolar". - Acabou, só faltava mesmo a consumação do pecado.

14h, o celular toca, olho pra ele,leio "Danger calling", atendo "Aalô. - nunca falo alô - "Ci, tá fazendo o que?" - pensei, "epaa, aí tem"- respondo "Nadaaaa, por que?" -epa,epa,teeem coisa - "Ah, então vem pra cá me encontrar" , "Aaaahhh, não sei (hesitação), tá se der eu vou" - "charminho" detectado - "ok, então vem mesmo, te espero." E corre pra lá ( toma banho) e corre pra cá ( se depila) , se arruma daqui , se arruma de lá e pronto , lá vai se consumar o pecado.

Chegando lá, finjo que é um encontro casual e nada demais, beijinho no rosto , comentário típico de amiga prega e falta de jeito para a situação. Ououuu! Inesperadamente o ataque começa, um apertão na cintura, puxão nos cabelos - caça encurralada - e um beijo no pescoço, depois mais dois, e mais alguns descendo o pescoço chegando no colo, mãos puxando a blusa, tirando o sutiã ... Hesitei por alguns segundos e depois, bom depois se imagina o que aconteceu com direito a chicotinho e tapinha na bundinha.E Uuuh, desejos sanados.

Não chorei, não me arrependi e nem me senti um lixo. Por que me entreguei senti desejo e desejada, tive "paixão" no que estava fazendo, não fiz por fazer ou por não ter nada pra fazer, fiz por que quis, desejei. Sexo é bom a partir do momento que o faz se entregando e com desejo,se valorizando. Não precisa só do amor tem que ter a paixão, mas é claro que com amor ele é muito mais saboroso.

terça-feira, 3 de março de 2009

Menina de ouro, coração de pedra, razão inexistente


Espelho, espelho meu, existe alguém mais burrinha do que eu?
Algum dia, espero entender essa falta de raciocínio que mora na minha cabeça. Mas como assim, Anita, e falta por acaso ocupo lugar no espaço? Ah, mas ocupa! Na minha cabeça, é só falta que existe. Falta de pensar nas coisas certas, e uma sobra danada do que não presta.
Mania de querer me sentir amada, me sentir querida. Querida não no sentido de ser alguém a quem as pessoas querem o bem. Querida no sentido de desejada. Ajuda o ego. Ou deveria ajudar.
Sabe o sexo? Não a distinção macho/ fêmea, estou falando do ato sexual, transar. Pois então, conhece? Eu conheço, mas preferia nunca ter sido apresentada. Sexo somado a um estado psicológico afetado é uma combinação dolorosa. A sociedade deveria banir. Antes de fazer sexo, as pessoas deveriam apresentar um certificado de que são emocionalmente capazes de fazê-lo sem se prejudicar, ou prejudicar a terceiros.
-Anita, vamos para a minha casa?
-Sua casa? Fazer o quê, menino?
-Assistir a um filme.
-Filme? Só filme?
-Só se você quiser.
-Olha, eu topo, mas só se for para realmente assistir a um filme. E um só.
-Tudo bem.
E começou assim. Terminou comigo em prantos, novidade!
Escolhido o filme, Menina de Ouro, um colchão no chão. Ih, lá vem merda.
-Vai ficar ai, é?
-Não... (eu deveria, mas não vou, né? Assim não vai ter estória para contar. Nem motivos para chorar.)
Filme, colchão, tira o tênis, aiaiai ele está só de bermuda, mantenha sua roupa exatamente onde ela está, Anitinha, nada de chão para ela, abraço, mão dada, beijo. Ihhhh, beijo. Mais beijo, e beijo, opa, na orelha não, orelha não! Já era. Descobriu meu ponto fraco.
-Eu te odeio muito por isso. (roupas no chão)
-Você não está muito com uma cara de ódio não...
-Idiota, cala a boca.
E lets go sexo. Sexo sem amor, sexo pelo sexo, sexo por nada. E o prazer carnal, Anita, vai dizer que não gosta? Gosto, mas não gosto. Gosto de sentir a pele arrepiada, gosto da respiração rápida, gosto da pupila dilatada, gosto do tapinha no bumbum, gosto da pegada no cabelo, gosto de mordidas. Mas gosto ainda mais de dar as mãos e sentir mais prazer nisso do que uma lambida no botão mágico, gosto de um "eu te amo" rouco, gosto de cuidado, gosto de lentidão, gosto da sintonia, gosto do coração batendo no mesmo ritmo, gosto de dormir abraçadinho depois. Gosto de sexo, mas prefiro amor.
-O filme está acabando, assim que terminar, vou embora, ok?
-Ok.
Nojinho, nojinho, nojinho. Quero casa, quero banho, quero me fazer de bola na cama e chorar. E maldito filme que não acaba looogo! Anda, minha filha, termina essa luta logo. Pronto. Ahh, não, agora ela está indo para o hospital? Morreu né? Não morreu?! Guerreira, saco. Lengalenga, minha cama me espera. Um chocolate cai bem. E um cigarro. E cerveja. E drogas. E coma eterno. Seria bom acordar e já estar com a vida feita, carro na garagem, crianças na escola, emprego, maridão bonito na minha cama (maridão bonito na minha cama que me ama, me ama, me ama!).
Finalmente.
-Estou indo então, até mais. (Nunca mais, de preferência...)
E termina assim. Menina de ouro é um filme péssimo, meu coração virou pedra (pedra quebrada, tem base?), minha razão nunca existiu. Se existiu, fugiu. Se existe, me odeia.